quinta-feira, 11 de março de 2010

Relações Líquidas

RELAÇÕES LÍQUIDAS.



Mais de uma amiga tem reclamado da dificuldade de se encontrar um homem para relacionamento sério. Perguntei a uma o que era um relacionamento sério e ela disse a queima roupa como é do seu feitio. Diretamente, entre sorrisos e revirando os olhos comicamente: Pra casar.

Os sites de relacionamento, cupidos dos tempos de hoje, tem milhares de pessoas buscando o par perfeito ou o match que lhe faça feliz, para dividir os bons momentos, sair pra dançar, visitar amigos e parentes, viajar juntos, namorar ou até criar uma família, pois as idades variam dos 20 aos 60 e tantos anos.

Em outra ocasião, escreverei sobre a faixa de baixo, isto é, dos 20 aos 30 anos, que os motivos podem ser outros.

Existem estatísticas interessantes a respeito das candidatas mais velhas (dos candidatos, ainda não tenho notícias porque não os contactei, mas imagino que não diferencie muito), por exemplo:
55% diminuem a idade nos perfis colocados nos sites.
63% colocam fotos mais antigas, de alguns anos atrás (deve ser pra combinar com a idade anunciada).
41% tiveram ou tem algum grau de depressão e o mais impressionante, 28% tomaram (ou tomam) algum remédio controlado.

Óbviamente os números acima são baseados nos depoimentos das próprias “candidatas”.

Mas vamos ao que nos trouxe aqui:

Tenho a impressão que as pessoas, os homens e a maioria das mulheres, na casa dos 40, 50 ou 60 e que já tiveram relações estáveis e a maioria, casamento mesmo, hoje tem cada vez mais possibilidades de ficarem sós, estimulados pelas lembranças dos traumas de relacionamentos anteriores.
Descontando os inseguros, que acreditam estar a felicidade nos outros ou nas coisas e não nas relações, a maioria está mais seletiva e cuidadosa para não colocar em risco a individualidade tão arduamente conquistada.
As cicatrizes emocionais e as reparações íntimas que cada um teve que fazer, conta na hora de se enquandrar dentro de outra relação.

Claro que a solidão dói. Faz falta dividir um fim de semana com alguém.Uma festa, um jantar, fora ou em casa, feito a quatro mãos. Brindar um tinto excelente descoberto numa promoção. Colocar pimenta na pipoca pra ficar mais excitante. Ouvir a música que tocam e relembram e fazem uma lágrima rolar.

Mas junto com um momento, vem o resto, porque não se vive de e na paixão. A paixão é doença, hipnótica, deliramos e fantasiamos quando somos gratificados por ela. A melhor das drogas.
Mas como todas, tem efeitos colaterais e se viciar então, o pobre adicto nunca mais conhecerá a felicidade, a menos que deite-se por uns tempos no divã, para saber porque não sustenta a possibilidade da relação sanígena e saudável, que é feita de coisas boas e ruins.

E esse resto, desconhecido a princípio, assusta os que querem, mas temem.

Uma amiga me disse: Na próxima relação, após poucos meses vou casar, depois descubro os defeitos dele, porque senão nunca vou encontrar ninguém.
Sábia e doida mulher.
Como dizia Caetano; de perto ninguém é normal.

Por isso, o cuidado de todos em se relacionar. Vou, mas não me jogo, dizia um paciente.
E aí mora o perigo.

Além da síndrome da loja de doces, onde a criança entra e não sabe o que quer porque queria todos os doces, um grande paradoxo dos nossos tempos é a pessoa não querer se relacionar para ficar livre para poder se relacionar.

5 comentários:

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  2. Se atirar cegamente num relacionamento , é não saber se cuidar é brincar nas alturas sem saber se há redes. Acredito que relações saudaveis são as construídas passo a passo , é olhar e ver o outro ao seu lado ou um pouco atrás de vc, mas seguindo e não vc trilhando sozinho nessa paixão ( isso é fria!),se for para enlouquecer (paixão é uma bendita loucura) que seja a dois. Aí sim valerão todos os riscos.

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  3. Talvez por real seletividade...
    Talvez por preservação da individualidade...
    Talvez pelo sonho da cumplicidade, tão inexistente...
    Talvez pela falta de paciência e tolerância cada vez mais distantes...
    Talvez...talvez...talvez...
    E nisso os anos vão passando...
    Agora, nos descobrimos melhores, inteiros e, sozinhos...
    Sabemos o que NÃO queremos... para onde queremos ir e com quem queremos estar...
    Atingimos liberdade física, financeira, psíquica e moral.O que seria tudo de bom!
    Mas, estamos acorrentados ao desejo do amar...
    Amar, no sentido restrito da palavra. Intensamente...realmente...
    A paixão é ampla, lúdica, efêmera...
    Chega, libera endorfinas, cumpre o seu papel e vai embora...
    Queremos muito mais...
    No entanto já acostumamos a estar sozinhos,e a fazer o jantar a duas mãos...
    Bj
    H

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  4. No campo do sentimento e das paixões a sociedade na miríade dos anos, tem concedido ao sexo masculino toda a liberdade e prerrogativas, quando na verdade a vida afetiva é um permanente autodomínio de todo o ser humano...As relações interpessoais estão cada dia mais instáveis e as sociais comandadas pela ânsia de poder e competições.
    Há algumas controvérsias sobre o significado dos sentimentos. amor ,paixão, sexo.
    Quando apaixonados, estamos no êxtase,tudo é belo e maravilhoso. Quando o tempo da paixão passa, podem surgir frustrações levando a depressão que, segundo Bauman “ é tão aterrorizante quanto a morte” o amor só é saudável quando é bom para os dois.. Ninguém pode ser a fonte de satisfação do outro...
    Existem amores rápidos e descompromissados, amores lentos e intensos ( energia que agrega).Paixões, podem mudar o rumo de nossas vidas. Apesar das “prisões sociais”, as paixões podem solapar a razão,ai vem o perigo do estar apaixonado (limite entre a sanidade e a loucura) no infinito do desejo, virtuais,reais, telepáticos.....
    Amores passam, transformam se ( no bem ou no mal), perduram, eternizam se....
    Faz se necessário o conhecimento de si mesmo, estar em sintonia com os nossos sentimentos, ser capaz de nos ajustar.
    Uma dose de solidão , estimula a reflexão, porém a solidão radical é o caminho para a depressão, ou seja, a solidão onde abandonamos a nós mesmo. Estar só é gostar de estar consigo onde o conhecimento nos auxilia mas o amor nos transforma...O amor não pode ser uma fuga da solidão, nem quantidade , é qualidade , é liberdade...
    Partida e chegada, separação e união, morte e vida, tristeza e alegria...São antíteses que se repetem em cada ciclo de nossa existência...
    Há tantas nuances em nosso viver sendo esse um evento inexplicável ....
    Precisamos aprender a amar até entendermos “ o amor que move o sol e as estrelas ” como o prometeu de Goeth.....
    Frankl em seu livro em busca dos sentidos refere que “o amor é o bem último e supremo que pode ser encontrado pela existência humana”. Erick From diz que” a arte de amar é como um curso e precisa aprendizado” querer que a pessoa cresça e se desenvolva por si mesma e não para servir me!!
    O amor, transcendi todos os nossos sentidos sentidossssssss...
    O namoro virtual esta atrelado a crescente falta de afetividade entre as pessoas, dificuldade em manterem algo sólido, violência, solidão ,falta de amizades, banalização do sexo, timidez..... A ilusão de não ter que sofrer uma rejeição direta, dificuldade de se expressar bem como a busca ilusória da pessoa perfeita.

    No Tangente a estatística citada p autor,acredito que o mundo observável pode ser ilusório dependendo do observador, podendo até tornar se ou constituir uma realidade desde que o tamanho da amostra seja significativa......
    Em nossa sociedade ,o estar sozinho tem significativo de fracasso, inferioridade pessoal. O mundo virtual vira uma dependência sócio-afetiva, isolamento social, perda de conexão com mundo externo.
    Tenho cá minhas dúvidas quanto a veracidade de certas estatísticas onde algumas pessoas utilizam tais recursos (o virtual) para superar suas próprias carências, rotulando as como pesquisa que, talvez neste caso venha ser empírico, perdendo a cientificidade.....

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