Evening de terça a noite, fim de jogo início de copa do mundo pro Brasil, vitória fraquinha, do mais fraco time talvez da copa. Hay que se ler os prognósticos, posição das estrelas, estatísticas, medir, pesar e comparar para ver nossas chances, prevendo o futuro baseado no que passou e pode se repetir. Subjetivo e apaixonante.


E os gritos da prédio vizinho...”foi Deus quem quis assim.....” saudade do tempo que só ouvia meus cachorros, árvores, vento e água!  Eckhart Tolle!

Mas os rituais, conhecidos há mais de 100 mil anos, como escreveu Richard Sosis, “promovem a coesão do grupo ao exigir que seus membros gastem energia e recursos em atividades difíceis de serem simuladas” (sós). Grifo meu.

Tão subjetivo o jogo que falei com a tia fazendo quimioterapia e o tio em Porto Alegre, a cunhada e Curitiba e a filha em São Paulo antes do jogo. Cada um com sua expectativa...do jogo, da vida.


Convite de amigos para ver o jogo juntos, trânsito de correria que deveria ser para se chegar a tempo, mas parece que todo mundo deixa para a hora que tiver menos gente...resolvi vir pra casa. Meia idade é ...de todos os programas, escolher aquele que te deixa mais cedo em casa.

Abri um português tinto, sem graça, troquei para um Cabernet chileno. Melhor. Passei o jogo com ele e cheguei a achar que dava para golear.Dei mais um gole. Quase empataram! Não é culpa do Cabernet.

Como não tinha como comentar com alguém o pós evento pus me a pensar nos tropismos, onde uma mente procura outra para amar, parasitar, odiar ou destruir...e fiquei feliz por estar só, salvei alguém!

Até a ligação de Élio para o baba de agora. Desisti por conta do Cabernet e da coluna (o corpo adoece para salvar a mente)...não sei como ainda tem gente que me convida pras coisas. Nunca vou. Sou muito interesseiro. Se me virem em algum lugar com alguém, é por puro interesse!

Não fui nem no meu aniversário. Fiquei em casa e fiz uma pizza de supermercado. Feliz, por isso não pensem que estou purgando algum sentimento de culpa que merece punição. Já fiz meus lutos, acho. Me recuso a fazer dos outros. Só por interêsse!

Isso me fez pensar e pensar...e o pensar surge da necessidade de preencher a ausência. Na presença não pensamos, sentimos. E se for um pensar de acomodação, explicativo, fica sem graça, leva o novo para o velho. Falta espaço para tomar contato com suas limitações. Tem que ser um pensar-sentir.

Como tendemos a preencher os vazios, porque a mente tem tendência para o infinito, e o “O”, o “Tao”, o incogniscível é muito...demais, melhor procurar a taça e ficar quieto.

Vamos simbolizar, vamos deixar que ele represente as coisas ou melhor ainda, os significados que as coisas nos trazem. Tiramos o peso de carregar o acontecimento que já se foi ou o objeto ausente (amado ou só ausente?)

Pensando, pensei, que se a relação é responsabilidade do animal “alfa”, haveria que se dividir os alfas dentro dos animais, para que cada um se manifeste na hora, local, desejo, seu e do outro, na hora que for preciso..e não na hora que for conveniente. Complicado isso!

Uma tristeza quando estamos analistas e personagem analisado na análise. Misturamos o pensamento com a imagem. “A curta permanência da imagem, se estende pela longa permanência da emoção” ...lindo, quem escreveu isso?

Não lembro e nem vou procurar, poesias são leituras diferentes de dogmas e pré concepções, ou conceitos e mitos, que transformados em fatos históricos ou não, viram obsessões que nos habitam.

Poesia é aquilo que nos esforçamos para encontrar palavras, nos explicar, quando os poetas o dizem tão claramente, precisamente e em poucas palavras. Injusto, como disse Freud.

Algumas coisas obsessivas não serão o motivo de escrever agora, mas a religião, porque vi os sinais que alguns jogadores cristãos fazem antes, durante e depois dos jogos, não o fazem os orientais ou muçulmanos. Parece que temos uma dependência maior de venerar aquilo que nós mesmo criamos.

Somos espertos. Criamos um deus para que nos chame de filhos e atribuímos a ele até o resultado dos jogos da Copa. Se perdermos foi vontade dele, se ganharmos, idem. Esse deus então é perfeito mesmo. Diferente do que nos fez à imagem e semelhança, porque se assim o fosse, seríamos também, perfeitos e não mereceríamos tanta punição e miséria.

Joseph Campbell e Edward Said são bons no que escrevem sem ter que chegar a um Richard Dawkins, mas quem quiser que vá até lá. Aviso!!!!. É perigoso, porque muito provável.

Se estamos aqui para pagar o pecado de outro, me liberem e deixem cometer os meus próprios, que assim, assumo a punição.

Nenhum pai, além da imagem e semelhança, puniria seus filhos com uma derrota para a Argentina na final, por exemplo. Que marca de pai é esse? Seria o Pseudo amor (-L) de Bion?

Chega, vou terminar a garrafa e ler sobre a Babilônia.

SSA. 15/06/2010