quinta-feira, 11 de março de 2010

Indivisíveis - Mario Quintana

Indivisíveis

Mario Quintana

O meu primeiro amor sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que gente grande achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.

Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos dela.
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso

E a mesma animal – celestial – inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que disséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se,
não sabia
Que eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida...


Lindo, esta é a nossa busca: amar e ser amado

Um comentário:

  1. O caminho do amigo real é o espraiar à noite do que rodamos ao sol do dia que permite espreitar o viver dentro dos diferentes fantasmas que habitam o agora das janelas mortas.
    Pesa o tempo, epílogos que deixaram de bater à repetição de erros que movem-se como portas de enredos desencontrados de histórias passadas.
    A amizade é livre de metamorfosear,caminho cheio de tentação que vai se abrindo, gesto mudo do sentimento que tudo é mudo, que tudo é sentimento pouco a pouco exclui o outro,transformando as utopias, sem ninhos dos sonhos idealizados que não sabem realizar o amor.Sem ter um abrigo seguro na ação do querer montanhas do céu ao colorir horas passadas.
    Sob o mito da amizade leal e eterna numa linha de esperança sem posto vive-se sina e ressentimento.... mas a sabedoria se aprende na chama do sonho que queima o realismo.
    A negação de mudar a alma da amizade se esvai num mundo de sonhos abortados sem lugar e sem devir de caminhos que iam e não vêm.Para suportar os signos diversos,do mundo metamorfoseado que torna-se nascente do silêncio do agora,de onde correm, como águas da fonte, os sonhos...Cheios de esperanças e medos,Quantas palavras criativas sobram!

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