segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Felicidade

A Tal felicidade.

Acabei de ler um livro de Darrin MacMahon chamado Felicidade e percebe-se por lá, que desde o início da humanidade, a felicidade é o bem mais precioso, talvez até mesmo o fim de estarmos de passagem por este planeta.

E as buscas e interpretações são as mais variadas.

Alguns filósofos acham que é impossível o homem ser feliz.

Uns santos, outros místicos, descobrem que apenas na "iluminação", no encontro com o Altíssimo, se poderá vislumbrar um pouco de felicidade, já que totalmente é impossível, enquanto houverem pessoas infelizes no mundo, e parece que tão cedo não deixarão de existir.

Os Epicuristas, acham que devemos só pensar no prazer, no bem estar e por isso, sermos até um pouco egoístas.

Algumas religiões nos dizem que só a alcançaremos plenamente no outro mundo. Além disso, tem que haver uma certa dose de sofrimento e "infelicidade" neste mundo, para se obter créditos para o desconhecido. E parece que não somos "infelizes" o suficiente para garantir o prêmio quando trocarmos de mundos. Pelo menos não há testemunhos vivos disso.

Outros a encontram na arte. Outros no trabalho, na caridade, na renúncia, no desprendimento, no desapego...enfim, o livro tem quase 600 páginas.

Mas parece que todos concordam com uma coisa. A felicidade é sua responsabilidade. E só você tem o comando dela. Você é aquilo que pensa, já diziam os filósofos antigos.

Se queremos que o mundo mude, temos que mudar. Nosso interior é apenas o reflexo do que acreditamos. Quando nosso "ego" está no comando estamos reféns do que o sistema nos aprisiona e nos faz crer que precisamos para viver.
O paradoxo da burrice é que continuamos fazendo o que sempre fizemos e queremos resultados diferentes.

Achamos que o mundo deve agir de acôrdo com a "nossa" percepção.
Somos feitos e depois formados completamente diferentes uns dos outros. Nossos desejos, instintos, sonhos, vontades e percepções do mundo, do país, da cidade, da família, de nós mesmos, são completamente diferentes mesmo de quem está mais próximo de nós.
As coisas são tão perfeitas que num mundo de 6 bilhões de almas, não existem dois iguais.

Se não nos conhecemos, como pretendemos conhecer os outros. E pior, querer determinar o que é melhor para eles.

"Quem que eu sou e o que é que eu quero", era as duas perguntas que o velho Freud mandava fazer, cada vez que tinhamos a prepotência de querer determinar a vida dos outros.

Nosso amigos não são perfeitos, não professam nossa mesma crença, não tem os mesmos valores, não tem a mesma fé, nem gostam da mesma comida, mas mesmo assim os respeitamos, admiramos e os temos em grande conta.

Um sinal de inteligência emocional é não criticar e não julgar, aceitando os outros como são. Afinal cada um dá e faz o que pode e não o que quer.

E os filhos, o que fazemos com eles? Imbuídos da "Síndrome de Deus", queremos que eles ajam "à nossa imagem e semelhança".
Pobrezinhos. Os temos presos pelos laços afetivos e emocionais, além do DNA, mas eles não vêem a hora de voar com suas próprias asas, conhecer outros horizontes, cometer seus próprios êrros, viver "seus" desejos e não os desejos da mãe, do pai.
Além do que, vivemos numa época de transformações e mudanças tão radicais que, por mais atualizados que tentemos estar, não temos como acompanhar o que cada um percebe, sente e planeja para si.
Os tempos são outros. Oh tempus, oh mores!
Como dizia um Mestre: Os filhos de hoje são mais filhos do nosso tempo, do que dos nossos pais. Então porque querer que eles vivam como nós achamos que deve ser?

O que podemos fazer é mostrar o caminho, através de exemplos, e torcer para eles façam as escolhas certas que os conduzam à uma vida de paz.
Nossos filhos não nos ouvem muito, mas nos vêem sempre, mesmo quando não estão olhando.
O quanto temos de equilíbrio, tolerância, paciência, dignidade, honestidade, etc. não são o que dizemos, mas o que eles percebem em nós.
Se entendermos isso, parte dos conflitos estarão resolvidos.
Como diziam os Taoístas: "Na vida não existem castigos, nem recompensas, só consequências".

Segundo estudos da Universidade de Pesquisas Filosóficas dos EUA, nossas preocupações sobre nós mesmos se encaixam em oito medidas: elogio e culpa, perda e ganho, prazer e dor, e por último, fama e vergonha.
Tudo que nos faz sentir pra cima e pra baixo está nessa categoria. Isso só acontece quando agimos através do EGO.
Todas as vezes que somos egocêntricos, estaremos agindo a partir do pensamento. Não será essa a realidade, mas sim o Universo que gira em torno dessas oito medidas. Tudo será avaliado assim, se ganhamos ou perdemos, se temos prazer ou dor e assim por diante.

Se queremos ser felizes temos que sentir com o coração e não com a mente. Nossos objetivos vêm naturalmente como resposta de nosso envolvimento emocional do que fazemos.
Nossa mente é condicionada desde o nascimento (ou até antes dele) e, por segurança ou comodidade, tendemos a repetir os padrões que achamos serem corretos. É a "nossa" verdade.
Cada um tem a sua e devemos respeitar isso.

Assim como não devemos "atrelar" nossa felicidade e bem estar à coisas externas, ao "outro". Porque as coisas se deterioram, se perdem, são roubadas. O "outro" pode deixar de nos amar, ir embora, encontrar um novo amor (filhos quando se casam, por exemplo) e vamos nos sentir ameaçados, injustiçados ou desprezados, sem entender que é o ciclo natural das coisas, que se modificam.

Uma das capacidades que diferencia uma pessoa feliz da infeliz é saber lidar com as frustrações e ao invés de atacar os vínculos, ou fugir, transformá-las, buscando outros níveis de compreensão.
Também, a capacidade de aceitação das diferenças e de aceitar a chegada dos anos, sem aquele excesso de saudosismo e nostalgias, nos mostram como cada pessoa é capaz de lidar com sua felicidade.

Se organizamos nossa vida em torno dos valores supremos como tolerância, justiça, igualdade, verdade (nossa e a dos outros), amor, liberdade e paz, a felicidade virá até nós. Essa é a afinação do Universo.

Nossa maior jornada é para dentro de nós e não para o Sucesso que é uma exigência da mídia. Não temos o direito de estarmos tristes, volta e meia desanimados, sem energia. O volume de informações e o massacre de "tipos ideais" estigmatizados nos deixam em dúvida se estamos no caminho certo.

Cada um de nós é um ser único e que manifesta a beleza de Deus. Passamos um bom tempo tentando imitar ou se parecer com alguém que “deu certo” e demoramos a entender que isso é que não dá certo. A felicidade vem de dentro. Temos que perguntar ao nosso Eu Interior, o Eu superior o que precisamos fazer por nós. Para o engrandecimento de nosso espírito.

Não somos os eternos "mestres de cerimônia" do mundo, tentando resolver o problemas dos outros.
Cada um tem o livre arbítrio e por isso responsável pelas consequências de suas escolhas pessoais. Nós seremos pelas nossas sómente.

A exemplo do que dizem as aeromoças antes dos vôos...."em caso de descompressurização desta aeronave, coloquem as máscaras primeiro em vocês para depois ajudarem as crianças ou idosos ao seu lado, etc.", quer dizer. se quisermos ajudar os outros sem estarmos em condições, podemos desmaiar e todo mundo vai pro beleléu.
Sem estarmos preparados, causamos mal maior em tentar "ajudar" os outros. Quem precisa de ajuda primeiro somos nós.

O controle que queremos ter sobre os outros, devemos exercitar sòmente em nós mesmos. Essa é a chave da compreensão do mundo.

Precisamos parar de perder tempo, e buscar ser a expressão maior de viver em paz internamente e enquanto estivermos nesta vida, vivermos. E que cada um cuide sa sua.

O encontro da felicidade depende só de nós, é a triste e antiga conclusão do livro. Porque nos recusamos a acreditar nisso?
Que tal viver e deixar viver de acordo com as possibilidades e desejos de cada um?

G.Vargas

3 comentários:

  1. Belo escrito Ge,e como diz Py
    "A felicidade é um estado interno, independe do que se passa à nossa volta. Ela está dentro de nós e não fora."
    "Os animais irracionais vivem em um estado natural de bem-estar e satisfação, do qual a razão nos priva por entrar em conflito com as emoções. Esta mesma razão deve ser capaz de devolver a felicidade a nós."
    "Nossa vida e nossa felicidade devem depender apenas de nós mesmos e não de algo ou de alguém que podemos ou não possuir."
    " A felicidade consiste em essência na harmonia interior entre nossos desejos e a possibilidade de conviver confortavelmente com a não realização dos mesmos. Quanto mais formos capazes de adiar a satisfação de nossas vontades e conseguirmos aceitar dificuldades em obter realizações sem, por outro lado, desistir de procurar resultados, melhor equipados estaremos para chamar nossa serenidade interna de felicidade."
    Sábio... Beijos, Verinha

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  2. Amei o seu o texto sobre felicidade, concordo com seu modo de pensar... O problema Ge é que as pessoas não sabem ser felizes, ou até sabendo preferem manter estados destituídos de harmonia e bem estar. Nunca ficam satisfeitos com os resultados obtidos e assim nada parecem ser bom e para finalmente assumir a própria felicidade. E a sociedade... essa nossa sociedade que tanto nos cobra, pessoas que acham porque você passa por um momento difícil ou porque perdeu alguém que deve se mascarar com a tristeza e a tão famosa depressão. Conheço pessoas que fala com certo “orgulho” eu tenho depressão. Ora, ora EU Não, rsrsr.
    Também é mais fácil responsabilizar ou culpar alguém pelos próprios infortúnios, fica talvez mais leve. Tudo errado.
    Sou feliz, me faço feliz, amo ser feliz e nada mais...
    Bjs
    Magna

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  3. Oi Gê,
    Não havia lido antes...
    Ha trechos interessantes e que formariam um novo livro, como a observação sobre a necessidade de sofrimento como expurgo para um "desconhecido". A tal felicidade, na minha leiga e humilde opinião, é o fim na evolução do ser. Somos insaciáveis. Faz parte da nossa natureza e isso nos motiva para a busca do prazer pontual, que é a tal felicidade momentânea. O apego, a vaidade, o orgulho e até mesmo o egoísmo são valiosos recursos para nossa caminhada. O que nos torna sofredores é a dose e a forma como usamos estes recursos. Sofremos porque necessitamos da matéria e do metal. Sofremos porque somos seres possessivos e não socializados. Ter (material) é bom, quando soubemos utilizar a posse em benefício de nós e dos outros. Vaidade é bom, pois nos motiva a busca pela saúde, pelo bem-estar. Orgulho é bom pois nos dá o ânimo indispensável para nos melhorarmos cada vez mais. Egoísmo também é bom, quando utilizamos essa ferramenta para entender em que ponto precisamos nos despreender. O que nos trava o crescimento é a possessão ou a paixão. A paixão não vê o outro. A paixão idealiza e não realiza. Já fomos melhores, mas estacionamos por conta das paixões. Já amamos de forma mais sublime, contudo hoje não amamos, possuímos. Há overdose na paixão. Já fomos românticos, já valorizamos o ser. Hoje valorizamos idéias, não ideais. Sempre fomos orgulhosos, vaidosos, egoístas e isso faz parte da energia do Planeta. Vivemos a força e o poder em detrimento da mansidão e do amor. Porque sofremos? Por que queremos sempre mais. Mas, se não fizermos a busca, como reeducaremos nossa paixão, para que se torne amor. O sofrimento nos faz refletir. A dor nos faz pensar na brevidade da existência e na importância que precisamos nos dar. Egoísmo? Não! Pensar em si, buscar sua paz interior nos torna meio egocêntricos, mas como poder amar o próximo se não nos amarmos primeiro? Quem não se ama, desconhece o verdadeiro sentido do amor e jamais poderá amar. O amor, este sim, é o passo para entrar na estrada que leva ao bem-estar. Amar tudo e todos. Difícil? Sim. Impossível? Não. Pais amam seus filhos incondicionalmente. É o verdadeiro amor em sua forma mais sublime. Contudo, as demais relações saem em busca da troca. Eu te amo, mas quero que você me ame igual. Não é amor, é paixão. Falamos muitos, refletimos muitos, copiamos mensagens sublimes, mas e a prática... quando iremos iniciar a prática daquilo que estamos estudando nessa vida? Somos provados a cada instante e aí percebemos que estamos longe da prática. Não busco a felicidade assim como não procuro entender aquilo que minha humilde e pequena inteligência ainda impede em sua observância. Busco amar sempre, busco compreender sempre, procuro entender o verdadeiro sentido do livre-arbítrio (um tanto quanto estranho, já que escolhemos, mas colhemos mesmo não querendo a colheita). Pelo menos acredito que, agindo assim, assumindo meus erros, buscando corrigí-los sempre, pedindo perdão e perdoando sempre, respeitando mesmo não sendo respeitada sempre, estarei trilhando um caminho para minha paz interior, contudo não podendo com isso afirmar ser essa a minha felicidade, pois ainda amo como um ser de carne e osso, necessitando de retribuição e amparo. Preciso evoluir muito ainda. Conclusão pessoal. bjs

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